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Homem de Ferro 2

Homem de Ferro 2  continua a adaptação cinematográfica do super herói de histórias em quadrinhos para o cinema dirigida por Jon Favreau. O gênio e milionário Tony Stark interpretado por Robert Downey Jr atua como Homem de Ferro, utilizando uma armadura produzida com tecnologia da sua empresa, as Indústrias Stark.

 

Especificamente nesta experiência fílmica, o professor optou pela exibição de um fragmento da obra previamente selecionada, possuindo aproximadamente 15 minutos. A cena em questão apresenta o protagonista investigando alguns pertences pessoais de seu falecido pai, Howard Stark (John Slattery), fundador das Indústrias Stark e assim como o filho dotado de uma engenhosidade peculiar. Entre os pertences encontram-se antigas gravações de Howard, bem como cadernos com anotações e cálculos de suas pesquisas. A cena demonstra um pouco da personalidade excêntrica de Tony em contraste com a postura mais centrada de seu pai.

Fragmento de Homem de Ferro 2

Figura 1. Tony e Howard Stark

O objetivo de Tony é encontrar informações de uma possível nova tecnologia que ele acredita ter sido acobertada por Howard. De maneira ficcional a cena demonstra o processo de investigação e (re)descoberta de Tony: um novo elemento químico com potenciais energéticos elevados. Para tanto, Tony constrói um colisor de partículas em sua oficina, obtendo sucesso ao conseguir uma amostra estável do novo elemento.

 

A referida cena pode ser proposta para alunos do 1º ano do Ensino Médio em uma aula de Química, por exemplo. Podendo-se ampliar as discussões sobre a produção de elementos químicos artificiais. No entanto, nada impede que o professor, por meio de seu papel mediador,  encontre nesta cena potenciais para outras discussões, tal como o debater a respeito da prática científica nas posturas de Tony e Howard Stark.

 

Os idealizadores da obra nos oferecem uma série de elementos visuais que colaboram para as imagens de pesquisadores dos personagens. Algumas destas imagens reforçam as já estabelecidas na cultura popular (CUNHA; GIORDAN, 2009 e KOSMINSKY; GIORDAN, 2002), sobre tudo na figura de Howard que carrega uma postura mais série e centrada em contraste ao seu filho, o “playboy” excêntrico. O que não desqualifica Tony como um pesquisador. As vestimentas dos personagens, seus cabelos, são alguns indícios das diferenças entre suas personalidades (Figura 1).

Este contraste entre a figura dos personagens nos oferece a oportunidade de levarmos para a sala de aula um debate a respeito do caráter mais pessoal do cientista, frequentemente desconsiderado.

 

Além disto, é uma interessante oportunidade para discutirmos a respeito de algumas dinâmicas da comunidade científica, tais como a importância do registro de observações e dados, como os deixados por Howard. O que nos salienta a importância do registro no fazer científico (Figura 2).

 

Outro tópico evidente em cena é a limitação tecnológica como influente em descobertas científicas. Howard Stark não dispunha em sua época de recursos tecnológicos necessários para a síntese do elemento químico descoberto de maneira teórica por ele. Posteriormente Tony Stark fazendo uso dos conhecimentos teóricos registrados por seu pai e da tecnologia que tinha a sua disposição consegue realizar a síntese do novo elemento com sucesso. É a oportunidade de evidenciarmos a complementaridade da ciência teórica e a ciência prática (Figura 3).

Figura 2. Os manuscritos interrompidos de Howard Stark

Figura 3. Tony Stark e sua tecnologia de scanner.

Estas duas questões nos levam à importância do caráter colaborativo, característico ao desenvolvimento do conhecimento científico. A realização de Tony só foi possível graças ao conhecimento e tecnologia de sua época, bem como o conhecimento teórico legado por Howard. Isto é ilustrado em cena quando temos enquadrado no caderno de anotações de Howard suas manuscritos bruscamente interrompidos, evidenciando a incompletude de seu trabalho (Figura2).

 

Salientar esses tópicos junto aos estudantes se faz pertinente para a desconstrução da imagem do cientista genial que chega a uma descoberta de maneira independente e isento de influências. Ter estes meandros da comunidade cientifica discutidos em sala de aula a partir de um blockbuster, nos confere a possibilidade de sistematizarmos a cultura popular trazida por nossos estudantes de suas vivências, comunidades e imaginário. É um momento onde o conhecimento escolar pode ser debatido em sala de aula sem desprezar os conhecimentos prévios dos estudantes.

Referências

 

CUNHA, M. B. d.; Giordan, M. A imagem da ciência no cinema. Química Nova na Escola, v. 31, n. 1, p. 9-17, 2009.

KOSMINSKY, L.; Giordan, M. Visões de ciências e sobre cientista em sala de aula entre estudantes do ensino médio. Química Nova na Escola, n. 15, 2002.

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